Fé Desfeínada
No passado Sábado (dia 22), na catequese estivemos a abordar este texto que achei muito interessante e acima de tudo, refletia a realidade. Como me marcou, decidi deixá-lo aqui.
Dá-me sempre que pensar, quando alguém à minha beira pede um café descafeinado. Acho uma invenção muito estranha! Sabes o que é um café descafeinado, não sabes? Sabe a café, cheira a café, parece café… mas já não tira o sono.
Arranjámos um modo de ficar com o gosto do café na boca, mas de maneira a que depois possamos dormir tranquilamente. E quando penso no café descafeinado, lembro-me sempre que se meteu muito esta lógica no cristianismo dos últimos tempos...
Às vezes, parece que não há muito mais do que uma fé desfeinada...
Sabe a fé, cheira a fé, parece fé… mas já não muda nada, não nos transforma, nem transforma à nossa volta. Parece que lhe tiramos muitas vezes a força transformadora e recriadora de corações, como tirámos a cafeína ao café.
Parece que fizemos da Fé um suceder de rituais aprendidos, mas que já não nos põe em casa, não nos faz estar despertos para a Vida, não nos mantém acordados no acolhimento e anúncio da Palavra de Deus e das palavras dos outros.
Às vezes, sentamo-nos num banco de Igreja como numa mesa onde se toma um café descafeinado.
Bebemos a nossa dose, cumprimos o ritual, deixamos nas bordas do coração um travo leve de fé, mas de maneira a que não nos tire o sono, não nos estimule nem desinquiete, de maneira a que não nos possa dizer que temos de mudar!
Depois, costumamos levantar-nos e seguir o nosso caminho, como se nem sequer nos tivéssemos sentado…
Rui Santiago